1.
Dados gerais sobre o município.
a.
História.
A formação da colônia
que deu origem ao município de Benevides remonta ao período imperial e é datada
de 13 de junho de 1875 sendo sua criação decretada pelo presidente da província
do Grão–Pará, Francisco de Sá e Benevides, sendo batizada com seu próprio
sobrenome e cuja finalidade era colonizar a chamada Zona Bragantina, através de núcleos agrícolas.
Mas em 1878 a
colônia de Benevides passou a denominar – se de Núcleo Colonial de Nossa
Senhora do Carmo, em homenagem a santa a qual o imperador D. Pedro era devoto,
não deixando de ser conhecido também como Benevides. A colônia foi instalada em
terras situada as margens do antigo vazadouro dos Índios Tupinambás, conhecido
também como estrada do Maranhão ou de Bragança. O início do povoamento na localidade teve
um marco histórico na data de 04 de junho de 1877, quando chegaram 180
imigrantes estrangeiros na sua maioria franceses. Grande parte dos estrangeiros
foi embora, mas os remanescentes fundaram vários engenhos com destaque ao de
Santa Sofia, dos Fanjas (franceses), e de São Francisco, dos Begot (franceses) que
logo se adaptaram ao clima e passaram a produzir e comercializar derivados da
cana de açúcar. Outras famílias importantes para o desenvolvimento do município
são aqui citadas e evidencia a característica cosmopolita nas origens da
localidade tais como as famílias Solon (Turquia), Sampaio (Portugal), Dickson
(Inglaterra), Dax (Alemanha), Rossi (Turquia), e inúmeras outras famílias como
os Vieira, os França, os Ferreira, os Gomes, os Mendes, etc. Vale destacar que
o município teve prefeitos pertencentes a estas famílias como os senhores Nagib
Salomão Rossi (falecido), Osmar França, Claudionor Begot (falecido), José Begot
(atual vice-prefeito) e Luiz de França Solon. Os mais importantes comerciantes
do município pertencem as estas famílias que ajudaram na formação
histórico-cultural e econômica de Benevides.
Porém, Brasileiros nordestinos, flagelados pela grande seca do final do
século XIX encontraram na região um refúgio ideal e aqui se instalaram na
esperança de dias melhores. A localização desses novos ocupantes na colônia
ficou a cargo do empreiteiro Capitão Valentim José Ferreira, que vinha
prestando serviços na estrada de Bragança desde o ano de 1866, no governo do
então Presidente Pedro leão Veloso. A maioria destas famílias recebia seu
pedaço de terra e passava a produzir para o próprio consumo. Nas maiores
propriedades a produção de hortifrutigranjeiro era voltada para o mercado da
capital Belém (com exceção dos derivados da cana-de-açúcar que eram
comercializados para outros estados). Alguns proprietários resolveram voltar
para a terra natal, principalmente
nordestinos quando a seca parou de castigar, abandonando suas terras ou
vendendo a preço bem em
conta. Mesmo assim os remanescentes e outras famílias que
aqui chegavam ajudaram a desenvolver um centro urbano pequeno cuja economia
baseava-se em pequenos comércios e funcionalismo público municipal e
estadual. Benevides foi então o primeiro
núcleo colonial da antiga estrada de ferro de Bragança contemplado com uma
parada no km 33. Esta via férrea teve grande influência principalmente porque
sua primeira parte ligava a localidade à capital do estado, num total de 29 km , inaugurada no dia 09
de novembro de 1884. Posteriormente foram originadas outras paradas e estações
como a do Entroncamento e Ananindeua. Porém, no ano de 1964, por determinação
do governo federal, a ferrovia foi extinta sob a alegação de ser ineficiente.
Ainda hoje existem propriedades que preservam partes dos trilhos de ferro como
o sitio da dona Lia Parente, uma antiga moradora e outras construções ainda
remontam a época como a velha estação, em frente ao correio, que hoje abriga a
Casa do Cidadão e já abrigou também a biblioteca municipal. Até o ano de 1961,
esta Colônia Agrícola pertenceu ao município de Ananindeua tendo antes
pertencido ao município de Belém. No dia 29 de dezembro de 1961, a colônia de
Benevides foi desmembrada do município de Ananindeua, através da Lei Estadual
nº 2.460 e partir daí passou a se chamar Município de Benevides, composto pela
sede Benevides (centro e bairros arredores) parte dos distritos de Ananindeua
(Marituba já emancipada) e os distritos de Benfica e Santa Bárbara (emancipada)
e parte do distrito sede de Santa Isabel do Pará. No dia 12 de março de 1962,
data da instalação do Município, tomou posse o 1º Prefeito, Moacir Cabral,
funcionário do IBGE, no cargo de agente de Estatística e chefe da AME do
Município de Ananindeua, nomeado pelo então governador do Estado Aurélio do
Carmo, visto ter sido posto a disposição do Governador do Estado do Pará. O
município de Benevides é também é conhecido como “Terra da Liberdade”, pois
quatro anos antes da Princesa Izabel abolir a escravatura no Brasil, esta foi
abolida no Pará, em Benevides precisamente. A festa da libertação se deu no dia
30 de março de 1884 quando General Rufino Galvão (Visconde Maracajú), partiu de
Belém com destino a Benevides para presidir a Sessão Magna da libertação dos
escravos desta Colônia. O Dr. Pinto Braga, presidente da Associação Libertadora
de Benevides abriu a sessão, sendo apresentadas ao presidente da província seis
cartas de alforria que depois foram entregues aos escravos Maurício (29 anos),
Quitéria (24 anos), Macário (20 anos), Luiz (14 anos), Florência (26 anos) e
Gonçala (40 anos). Este acontecimento atraiu para Benevides um grande número de
escravos fugitivos de outras localidades sendo essa mão-de-obra empregada,
sobretudo em atividades agrícolas em pequenas propriedades não escravagistas,
ajudando a desenvolver a localidade. Vale ressaltar que essa campanha
abolicionista sofreu grande perseguição por parte de outros proprietários que
eram a favor da utilização da mão-de-obra escrava. Mas o escravismo estava com
seus dias contados chegando ao final definitivamente com a lei Áurea em 1888.